Manaus entrou em estado de mobilização após uma densa camada de fumaça encobrir o céu da capital pelo terceiro dia consecutivo. A mudança de “status” permite fazer alterações na estrutura de atenção interna da prefeitura, como a criação de um Comitê de Combate às queimadas, conforme explicou David Almeida, em entrevista nesta segunda-feira (12).
Desde o sábado (10), Manaus tem sofrido com a forte “neblina”, alcançando níveis de poluição do ar considerada muito ruim em algumas zonas capital. Ao g1, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informou que o fenômeno tem sido causado pelas queimadas registradas no sul do Amazonas.
De acordo com o APP Selva, outras regiões como o Centro de Manaus, bairros Flores, Chapada e Parque de Novembro, na zona Centro-Sul, apresentaram nível de ar ruim, enquanto nos bairros Japiim, zona Sul e Novo Israel, zona Norte demonstraram uma qualidade moderada.
Souza avalia que a qualidade do ar na capital amazonense vai depender das queimadas nas proximidades da Região Metropolitana de Manaus. “Se elas continuarem a ocorrer, a qualidade do ar vai piorar”, ressaltou o professor.
Focos de Calor
Dados do Panorama de Focos de Calor no Amazonas do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) revelam que Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã, Manicoré e Humaitá, no Sul do Estado lideram o ranking no número de municípios com essa problemática. Até o momento, 45.226 focos de calor foram registrados na Amazônia Legal, segundo informações do Ipaam.
Operação Céu Limpo
Na tarde de sexta-feira (9), agentes do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) apagaram um incêndio em uma área de vegetação na avenida Efigênio Salles, na Zona Centro-Sul de Manaus, que gerou uma grande fumaça na localidade. Segundo informações do CBMAM, foram utilizados 400 litros de água no combate às chamas.
Segundo o secretário Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Antônio Stroski, a fumaça em Manaus não é o resultado de queimadas somente na capital amazonense. “Estamos com muitas ocorrências nos municípios do entorno e também em queimadas rurais”, explicou Stroski.
Para atender o estado de mobilização, o prefeito de Manaus informou que, além da criação de um Comitê de Combate às queimadas, também serão feitas publicações diárias de boletins informativos, campanhas de conscientização em locais públicos e fiscalização da Guarda Municipal Ambiental.
Também foram anunciadas medidas de enfrentamento, como a orientação de não utilização de fogo no preparo do solo, evitar a queima dos excessos de produção e indicar meios alternativos no preparo da produção rural.
Na última semana, Manaus não contabilizou nenhum regiustro de queimadas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, municípios da região metropolitana registraram 29 incêndios, sendo eles em: Manacapuru (9), Autazes (8), Careiro (5), Careiro da Várzea (5), Itacoatiara (2) e Manaquiri (1).
Mesmo após madruga chuvosa, a fumaça em Manaus não se dissipou — Foto: Divulgação/SES-AM
Fumaça em Manaus
Nesta segunda (12), Manaus amanheceu novamente encoberta por fumaça. A causa da neblina, segundo a Defesa Civil, seria uma frente fria chegou ao sul do estado e mudou a rota dos ventos, levando a fumaça das queimadas para a região metropolitana.
O cenário deste ano é similar ao que aconteceu em 2023, quando Manaus chegou a ser considera a capital do Brasil com a pior qualidade do ar,, conforme o relatório Mundial da Qualidade do Ar. Porém, o alto nível de poluição do ar já tem sido registrado na segunda semana de agosto, enquanto no ano anterior, a piora na qualidade do ar foi notada apenas na última semana de setembro.
Segundo O Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a área mais afetada de Manaus, noinício da manhã desta segunda, é o bairro Morro da Liberdade, que registrou os níveis de poluição em 94.6 µg/m³. Para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³ (micrómetro por metro cúbico de AR).
Emergência ambiental
O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.
Em julho de 2024, o Amazonas bateu um recorde no número de queimadas, segundo dados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe). O estado contabilizou 4.241 focos de incêndio durante todo o mês, sendo o maior número desde 1998, quando o órgão começou a monitorar as queimadas na Amazônia.